25. 12. 2011.

Umoran


Sarolta Bán



Umoran sam, naravno,
Jer u datom trenutku svakog mora da sustigne umor.
Od čega sam umoran, ne znam:
Ništa mi ne bi vredelo ni da znam,
Kad umor, svejedno, ostaje isti.
Rana boli kako boli
A ne pod dejstvom uzroka kojim je izazvana.
Da, umoran sam,
I pomalo nasmejan
Od saznanja da je umor sasvim obična stvar –
Samo žudnja tela za snom,
Težnja da se duša misli oslobodi,
I povrh svega neka prozirna bistrina
Naknadnog poimanja...

Zar je naša jedina raskoš odsustvo svake nade?
Pronicljiv sam: u tome je sva tajna.
Video sam mnogo i sve sam razabrao,
Pa čak i u tom umoru ima izvesnog zadovoljstva,
Jer glava, na kraju krajeva, uvek nečemu služi. 

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Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo... 

E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.



Fernando Pessoa / Álvaro de Campos




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